terça-feira, 6 de outubro de 2009

A utopia política do parlamento educador



Parlamento Educador como utopia pedagógica é primeiro passo para uma reforma política. Reformar as leis da política tem sentido quando a própria instituição muda o rumo de seu significado. Muito se tem debatido sobre reforma política, entretanto a discussão limitou-se aos campos político e acadêmico. Tão importante quanto a reforma da previdência, a reforma política tem sido pouco pensada no campo em que mais pode render dividendos para os parlamentos: a educação.

É uma utopia no sentido de ser o desafio de transformar os parlamentos no lugar onde se aprende e de onde se aprende, lugar privilegiado de geração de cidadania, promotor da produção do conhecimento, colaborador essencial na aprendizagem significativa dos alunos. Não apenas o trabalho de vereadores em prol da cidade, mas o estabelecimento de uma relação pedagógica do parlamento com a sociedade.


Atender a demanda escolar pelo conhecimento do poder legislativo é um imperativo para a construção da imagem da instituição. Se você não prepara as novas gerações para a importância da política, como você poderá desconstruir a má imagem que os políticos tem com a atual geração? Se você não demonstra para os filhos como é importante a vida política, a defesa das instituições, como você promoverá debates no interior da família sobre o tema da cidadania?


Inúmeras ações, não apenas do Memorial da Cãmara Municipal, que coordenamos, mostram que é possível introduzir práticas educacionais nos parlamentos como acréscimo as seus fins, como investimento nas funções complementares do parlamento, que possibilitem aos estudantes experiências de exercício da cidadania. Isto não é possível sem um projeto político-pedagógico que defina sua concepção de conhecimento, de cidadania, as formas de participação do legislativo na vida escolar e na comunidade, busca da valorização da política e do cidadão na vida pública.

A pertinência do poder legislativo como lugar de educação cidadã pode ser vista no próprio conceito de Cidadania. Derivada do vocábulo latino civitas (cidadão), em Roma era aquele que estava integrado a vida política de sua polis (cidade). Hoje, para Dalmo Dalari é “um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”. O Legislativo garante, através da educação, a conscientização sobre os direitos fundamentais do cidadão, ao direcionar parte dos fins de suas ações diretamente para o lugar onde são vistos pela primeira vez: a escola.

Já é hora na discussão da reforma política, que nossos parlamentares concedam às suas instituições os benefícios que só a assunção de suas responsabilidades educacionais permite. Que os Legislativos organizem seus projetos de educação é uma exigência dos novos tempos. Que disponham de funcionários habilitados ao exercício de tais funções, algo essencial. Que elaborem seus projetos político-pedagógicos, condição sine qua non. Temos de rumar para a construção dos Parlamentos- Educadores, condição indispensável na ampliação das funções legislativas no resgate da dívida social e no incremento das tarefas de consolidação da democracia.

2 comentários:

adeli disse...

Meu caro Prof. Jorge,
É um prazer poder ler as coisas que tu escrever, refletir sobre elas, como é bom conviver contigo no Memorial da Câmara.
Vou divulgar este teu blog, porque tu mereces.
Adeli Sell
Vereador

Jorge Barcellos disse...

obrigado Adeli, esse batalhador da cultura.
Abraços
Jorge Barcellos