sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A presença da mulher no legislativo


A partir de 1947, retoma-se a vida democrática em Porto Alegre com eleições para a Câmara Municipal. Como o Prefeito era nomeado pelo governador, foram realizadas apenas eleições para vereador. Nesse ano, o Partido Social Progressista (PSP) elege Eloi Martins e a suplente Julieta Bastittioli, a primeira mulher a assumir a vereança na Câmara Municipal.

Julieta assume no dia 12 de fevereiro de 1948, representando um partido na clandestinidade, o PCB, junto com Eloi Martins e Marino dos Santos. Tecelã, defensora da democracia, liberdade e dos direitos humanos, seus discursos no plenário revelavam para a instrução básica que possuia, um conhecimento excepcional do pensamento de esquerda. Defendendo os trabalhadores das mais diversas profissões da cidade, sua atuação, ainda que minoritária, foi respeitada e participante. Mulher que desde criança viveu na pobreza, trabalhando em fábricas, introduziu-se na política graças a dedicação de seu marido, Fortunato Batistioli, militante comunista. "apaixonei-me por ela por suas idéias", dizia ele.

Mas a participação feminina ainda era minoritária. Anos após, Dercy Furtado dividirá com Julieta Batistioli, o lugar de primeira mulher a ocupar uma vaga na Câmara Municipal. A divisão tem cabimento. Julieta, eleita suplente assumiu de fato interinamente. Dercy, foi, ao ccontrário, eleita com 10.108 votos. O contexto no entanto, é bem diverso. A Ditadura e o Autoritarismo marcavam a política. Por todo o país, o regime perseguia a oposição e praticava a tortura. Em Porto Alegre, chega com onze anos, natural de Morungava, Dercy Terezinha Furtado. Operária da industria quimica, atuante participante de clube de mães, religiosa, uma das primeiras mulheres a empenhar a bandeira feminista em Porto Alegre, elege-se vereadora pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Obtém a maioria dos votos, superiores a políticos como João Dib. Sua atuação transcende a capital: defensora dos direitos da mulher e das empregadas domésticas, é responsavel pela organização da classe.

A partir da contribuição das pioneiras, vagarosamente, novas mulheres obtiveram cargos no Legislativo. Nos anos 80, Teresinha Chaise chegou ao cargo de terceira secretária da Câmara, em 1985, chega a segunda Vice-Presidência. No ano seguinte, Gládis Mantelli, elege-se a primeira vice-presidente da Câmara de Vereadores. Mulher de trabalho e metas, graças a sua atuação que o Parlamento encontra-se no prédio atual, consolidando a estrutura disponível hoje a população. Participando da Mesa da Câmara até 1988, consolida durante o processo de redemocratização o Parlamernto

Nos anos noventa, inicia a terceira leva de mulheres parlamentares. Clênia Maranhão, e após Helena Bonumá e várias outras vereadoras colaboram para a formação de uma banca da mulher portoalegrense. Uma ascensão crescente, e que indica o amadurecimento político das mulheres portoalengrenses.

É importante salientar que, nos bastidores do legislativo, as mulheres também estiveram presentes. Apoiando os serviços da Casa, assessorando, em funções de coordenação e direção geral, em uma porcentagem muito maior que as eleitas, as mulheres prestaram serviços no Parlamento, seja com funcionárias concursadas, seja em cargos em Comissão. As funções principais de direção do legislativo, em muitos períodos ficaram a cargos de mulheres, o que revelam também que as mulheres fazem não apenas política, mas fazem também a própria Câmara

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