terça-feira, 14 de setembro de 2010

Viaduto da Borges e Smic


A SMIC revelou o projeto de criar uma Parceria Público Privada para administrar o Viaduto Otávio Rocha. A iniciativa irá retirar os atuais permissionários que estão em parte em dívida com a Secretaria, para entregar a uma empresa a concessão dos espaços do viaduto por vinte anos. A decisão revoga a posição assumida por José Fogaça em dezembro de 2008, quando o então prefeito reconheceu, em entrevista ao Jornal do Centro, que aprovava a renegociação das dívidas com a SMIC ”Os permissionários do Viaduto Otávio Rocha estão em processo de negociação com a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, para fins de parcelamento do total da dívida das 27 lojas, no valor de R$ 115.130,69. (Jornal do Centro, Edição 129, dezembro de 2008). Hoje os valores chegam a mais de 200 mil, segundo a SMIC.

Ems sua defesa, os permissionários organizaram um movimento inédito na capital, o Movimento de Revitalização e Humanização do Viaduto Otávio Rocha. Para seus integrantes, a nova política vai na contramão das políticas de preservação do patrimônio imaterial da própria Prefeitura: ali encontram-se profissões e profissionais antigos da capital que ainda sobrevivem, como ourives, sapateiros e relojoeiros, e que prestam seus serviços a cidade, entre outros profissionais. O Viaduto da Borges não é apenas um viaduto, é lugar de cultura imaterial, encarnada em seus trabalhadores. Eles tem dívidas, é verdade, mas estão dispostos a pagar. Mais, tem o apoio de outros movimentos sociais e entidades que defendem a preservação dos moradores antigos no lugar. Sua luta envolve a preservação de seu espaço e de sua cultura naquele espaço. Se a proposta da SMIC vingar, um movimento social e uma cultura serão extintos. É disso que se trata. E justamente dos trabalhadores que tem lutado pela valorização do Viaduto, daí a injustiça. É deles a proposta de realização de atividades culturais para reaproveitamento turístico e econômico do viaduto, com os artesãos que lá se encontram. Não seria uma boa idéia?
Publicado no Jornal do Comércio de 14 de setembro de 2010.

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