A notícia do aluguel da casa de Lutzenberguer é o símbolo do fracasso de nossas políticas culturais. Ela vai ser alugada para custear sua recuperação e manutenção. Se a casa de Kafka, de Andersen e tantos outros viraram lugar de cultura, porque não a casa de Lutzenberger? Se fosse na Europa, o Estado já teria a adquirido, realizado sua reforma e já estaria sendo um Centro de Cultura voltado para a problemática ambiental.
Tive a oportunidade de conhecer parte da casa por contatos com a Fundação Gaia, esplendidamente instalada no pátio interior da Casa. Não é uma casa qualquer: instalada no centro do bairro Bom Fim, possui uma arquitetura magnífica que dá a cara da Europa a um pedacinho da capital. As referências a casa, relatadas na conhecida biografia de Lutzenberger, lembram de um tempo em que aquela região era parte da imensa várzea da redenção. A verdade é que a casa é um ícone para cidade e não deveria ser objeto de aluguel a particulares: deveria ser de acesso a comunidade em ações culturais.
Claro, deve ser respeitada a vontade dos legítimos herdeiros, é verdade. Mas existe uma memória dos movimentos sociais ali inscrita, especialmente do movimento ecologista da capital que foi forte e atuante nos anos 70 e 80. A residência deve ser o destino natural dos acervos de outros ecologistas, como Carneiro, seu grande companheiro de lutas, cuja coleção aguarda atenção das autoridades. A verdade é que Lutzenberger merecia mais de nossas políticas públicas. Pela revolução que fez no campo ambiental, as novas gerações devem ter contato com sua memória.
O destino natural da residência é o destino público e não o privado. A questão de que se ainda há tempo para as autoridades mudarem o seu destino deve ser respondida pela família. As oportunidades e parcerias para efetivar uma política para sua abertura pública cabem as autoridades que tem a obrigação de responder a questão: por que se omitiram tanto?
domingo, 11 de abril de 2010
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