sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Hipertrabalho legislativo


A idéia de que o funcionário público é vagabundo é um mito criado para transformar o servidor público no bode espiatório de uma sociedade autoritária e de exceção. Pois os funcionários da Câmara são o exemplo de que se trabalha muito, e muito mesmo. Conversei com dois colegas no dia de hoje. Eles estão exaustos. Eles não aguentam mais. Em suas funções, são requisitados de manhã a noite, sábados e fins de semana. A Câmara não pode imaginar o que seria seu cotidiano sem eles, mas basta dizer que ninguém se entenderia se não fosse o seu trabalho. Acontece que seu setor, que já era defasado perdeu mais funcionários. E o trabalho só tende a aumentar. Mais: a inexistência de perspectiva de concurso público, de contratação de estagiários e o stress de lidar diretamente com o plenário só faz agravar seu drama.


Este é um exemplo da Câmara Municipal que mostra o esforço de que os funcionarios públicos em cumprir a sua função. Todos os dias são eles que dão garantia para que os vereadores possam receber a população para atender suas reivindicações, colaborar na solução dos seus problemas e sua composição pode ser localizada na página da internet (www.camarapoa.rs.gov.br). São setores que garantem o funcionamento da parte legislativa, administrativa e patrimonio e finanças, e fica claro que setores de grande importância tem carencia de pessoal. A razão é que o legislativo sofre dificuldades pela necessidade de realizar concurso público, reformar sua estrutura de pessoal e seu organograma. Eles são necessários para a garantia das condições da intermediação política necessária para a solução de problemas entre várias organizações sociais.


Por dentro, a Câmara é uma máquina de trabalho em estado puro. Das 7h às 22 h, 7 dias por semana, funcionários dedicados movem esta máquina pública. Eles não são preguiçosos, como se imagina, ao contrário, eles estão no seu limite de trabalho, como meus dois colegas. Eles temem pelos problemas e erros que podem advir no ambiente de trabalho por estarem no limite de sua capacidade. Vivem o dia a dia sob intenso estresse. Esta é a prova de que nunca se trabalhou tanto como hoje no interior da Câmara Municipal: você vê os funcionários submetidos a rotina extenuante de trabalho, que vão de um lado para o outro para dar suporte a reuniões e debates que ocorrem todos os dias, todas as horas. Eles vivem sobre intensa pressão para criar as condições para que a instituição cumpra seu destino, o do pleno atendimento da população.
É disto que se trata: quem vê de fora o parlamento não imagina as angústias que seus profissionais enfrentam no cotidiano para cumprir atividades que visam beneficiar a cidade: cronogramas estreitos de trabalho, falta de infraestrutura, falta de profissionais, etc. Mas mesmo assim, eles não esmoecem, não deixam de cumprir seu papel. O paradoxo é que o legislativo pode ter seus problemas, mas nunca esteve tão ligado a sociedade como agora. Mérito dos vereadores, por suas iniciativas, e de seus funcionários, por seu trabalho, mas isso tem um custo: o estresse que absorve a instituição.


A verdade é que a Câmara, com seus limites, vem trabalhando além de suas possibilidades. Ela necessita urgente de mais funcionários porque, com o crescimento da cidade, cresceram as demandas para a Câmara, que há anos não realiza concurso público. A Câmara Municipal investiu em uma infraestrutura material preciosa, modernizando-se, adquirindo a tecnologia para superar muitas de suas dificuldades. Mas chegamos a um estágio de que não adiantam equipamentos, não adiantam recursos financeiros, não adiantam softwares se aquele que é o centro do processo não se reproduz: a mão de obra. Se uma instituição e seu corpo de trabalho enfrenta esta desafiadora circunstância, é porque não deixa de cumprir seu papel, daí sua nobreza. Mas a necessidade de um concurso público já está no horizonte de trabalho do parlamento, é um destino ao qual não se pode mais fugir.
Fica o convite aos jornalistas e cidadãos de plantão: por favor, antes de criticar severamente seu parlamento, acompanhem um pouco do seu trabalho pela internet e o ajudem a divulgar. Vocês vão se surpreender com o que seu parlamento vem fazendo pela cidade. Fica a dica aos novos administradores do Legislativo em 2010: se algo não for feito pelos funcionários que estão em seu limite, a Câmara pode falhar em suas funções. Nada mais desastroso para a democracia da cidade de que um legislativo aquém de suas funções.

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