segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dia Internacional dos Museus

O Dia Internacional dos Museus deve servir para reflexão sobre os problemas que o avanço das novas tecnologias traz a preservação de acervos. Dados Ministério da Cultura mostram que mais da metade dos municípios brasileiros não possuem nenhum museu ou centro cultural e que 7 dos 27 estados do país concentram cerca de 60 por centro das bibliotecas. O acesso público de acervos hospedados em museus permite sua visualização através da Internet, mas ainda possui problemas. Para discutir este tema, especialistas do mundo inteiro reuniram-se de 25 a 29 de abril, em São Paulo, no Simpósio Internacional de Políticas Públicas para Acervos Digitais, organizado pelo Ministério da Cultura. Primeira constatação: é preciso não apenas colocar conteúdos em um site, mas organizá-los de maneira intercambiável por meio de plataformas de fácil indexação e consulta por parte do público. Segunda constatação: é preciso lutar pela implantação de um Plano Nacional para Acervos Digitais, que estabelecerá as linhas políticas para o desenvolvimento do setor.

A discussão é importante por dois aspectos. O primeiro é o técnico. Wikimédia da França e a Brasiliana da USP, são exemplos da grande vitalidade dos acervos digitais. Para isso, investimento em tecnologia e recursos humanos são as bases de boas políticas públicas de memória. Por outro lado, é importante refletir sobre uma política nacional de organização de acervos digitais quando o governo reflete sobre os limites atuais da legislação do direito autoral e a definição de seu plano nacional de banda larga, pois é elemento essencial do projeto de conhecimento estratégico do país.

O segundo é político. Às vésperas de mais um período eleitoral, não se admite o apagamento da memória promovido por sucessivos governos quando chegam ao poder e em todos os níveis. Frente ao custo dos processos complexos de produção de acervos digitais por cada governo, não se pode admitir, como vem ocorrendo desde a era Fernando Henrique Cardoso, que a cada nova eleição, o novo governo apague os acervos reunidos pela gestão anterior. Tem sido a praxe que discursos, documentos diversos, projetos, tudo aquilo que define a gestão anterior, desapareça dos sites oficiais sem a menor cerimônia. Tais documentos reivindicam aquilo que Andreas Huyssen chamou de “Direito à memória”. Sem discursos, planos de metas e ações de conhecimento do público, como poderemos saber como se comportam nossos governantes quando chegam ao poder?

O direito à memória é uma questão de política pública. A discussão sobre fazer com que a internet seja um aliado da preservação da memória e não esteja a serviço da má política deve ser o tema das discussões dos profissionais da área neste dia.

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