segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bin Laden is dead!

A morte de Bin Laden é a forma escolhida pela maior potência do planeta para a comemoração dos dez anos do ataque às torres gêmeas. Centenas de americanos comemoraram a vingança consumada na morte do homem mais perseguido do planeta. Este é o momento Jack Bauer americano, momento em que os Estados Unidos assumem a prerrogativa de serem o lado do bem do planeta e que ao mesmo tempo suspendem todas as garantias de direitos em nome de algo maior, a realização de sua verdade. Quando Jack Bauer, no seriado 24 horas, usou de tortura para seus fins, o pensador Slavoj Zizek imediatamente apontou que este era o imaginário dos EUA. A morte de Osama é o lado real, complexidade objetiva da politica dos EUA e que mostra como a política americana pode ser seu exato oposto.
Qual a mensagem secreta americana com tudo isto: que os Estados Unidos são o senhor da justiça do mundo. Matar Obama sem julgamento? os americanos dizem que sim, foi resistencia, etc, e tal. No fundo, no fundo, o terrorismo não tem nenhum sentido e não se pode medi-lo por suas conseqüências: nesse sentido, a morte de Osama não inaugura nada, não é o fim do terrorismo propriamente dito. Levará – e já há a preocupação americana com isso – a levar o terrorismo ao extremo, exacerbando o atual estado de coisas. Porque não foi Osama que inaugurou o terror, ele já existe em toda a parte, na violência institucional, física e mental de nosso mundo, apenas em doses homeopáticas. Substituir o julgamento por um tribunal por uma corte militar é apenas outra forma de terror. Diz Baudrillard” o terrorismo apenas cristaliza todos os ingredientes em suspenso”.
Talvez o que seja curioso que até o presente momento, a morte de Osama seja, para a maioria das pessoas, uma morte virtual. Nossa realidade é virtual, nossos sistema de informação também, o que mostra o quanto estamos além do principio de realidade. E a morte de Osama também: uma imagem de seu corpo morto lançada na Internet é desmentida; o anúncio da morte fala de um corpo lançado imediatamente ao mar, nos termos dos procedimentos mulçumanos. Quem afinal viu Osama morto? Que o maior feito antiterrorista americano não deixe vestígios mais parece ser é a lição que os americanos levaram do próprio Osama, a de ser capaz de fazer algo sem deixar marcas, o que é a definição de Crime Perfeito de Baudrillard.

Um comentário:

Jean Gabriel disse...

O que será que Zizek diria sobre a morte de Bin Laden? Será que ele faria uma crítica moral "humanista" ou faria uma análise "realista", maquiaveliana, que percebe um conflito entre virtude moral e virtude republicana e opta, sem mais, pela última, como faziam também os revolucionários marxistas, admirados por Zizek?

jeancastro.wordpress.com