sábado, 2 de outubro de 2010

Partenon Literário

É triste o destino das instituições culturais em nosso Estado: as grandes e oficiais, como o Memorial do Rio Grande do Sul, padecem da carência de recursos; as pequenas e particulares, sequer contam com sede para sua existência e sobrevivem pelo esforço e dedicação de seus integrantes. É o caso da Sociedade Partenon Literário. Criada em 1868, reuniu à época a nata da intelectualidade gaúcha; hoje sobrevive pela dedicação de meia dúzia de pesquisadores voluntários, entre eles Benedito Saldanha. Pior: não contam com nenhuma sala para seu acervo de preciosas obras de história do Rio Grande do Sul.

O Partenon Literário é vítima da falta de políticas públicas para as pequenas iniciativas culturais. Em todo o Estado, pequenos produtores culturais produzem a base da cultura gaúcha. E eles não tem apoio nenhum do Estado. Deveriam ter. Em Porto Alegre, você já ouviu falar do rico acervo das Olimpíadas Universitárias de 1963, ou do rico acervo das fotografias das origens do futebol de várzea, ou ainda, do próprio acervo do Partenon Literário? São exemplos de acervos significativos de nossa história que hoje sobrevivem nas mãos de particulares quando deveriam contar com apoio do Estado e serem de acesso público. Já vimos imagens até de catadores de lixo que reúnem verdadeiras bibliotecas públicas e nada fazemos! Isto precisa mudar.

As necessidades do Partenon Literário são pequenas: eles humildemente pedem uma sala apenas. Numa cidade do tamanho de Porto Alegre e com seu imenso parque cultural, imaginar que uma entidade cultural precise mendigar por um espaço é revoltante . Se não temos uma sala para oferecer a uma instituição centenária como o Partenon Literário é porque há muito tempo deixamos de ter políticas públicas de cultura. E não faltam serviços que possam ser dados em troca: hoje o Partenon Literário realiza um Sarau Literário com amplo sucesso de público, em espaços cedidos por instituições de boa vontade. Mas depender da boa vontade das instituções não é a melhor forma de produzir cultura. É preciso mais.

Daí o nosso apelo a Secretário de Cultura do Estado: que encontre, entre os órgãos de cultura do Estado – e são muitos – um espaço para alojar a Sociedade Partenon Literário. Algo bom, simples e modesto, como é o Partenon hoje. Pois uma política cultural – e a Secretária é criticada por não ter uma – exige ações que frutiquem, que sejam fecundas. É este o caso. Para a Secretária, que está prestes a abrir mão do cargo, esta seria uma última atitude que enobreceria sua gestão e que garantiria o futuro de uma institução que muito ainda tem a contribuir para a cultura do Estado.

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