sábado, 26 de junho de 2010

Sobre o poder das cartas

Recebi uma carta de Paul Virilio. Eu havia enviado uma carta a ele convidando-o a um evento em Porto Alegre. Eu sabia que Virilio não responderia um e-mail, mas que eu tinha grandes chances de ter uma carta respondida. Cartas são artesanais; e-mails, industriais; cartas são pessoais; e-mails são impessoais; cartas são demoradas, mas que valor tem as respostas se não temos expectativas.

Paul Virilio sempre manifestou em seus livros seu ceticismo com a tecnologia. Esse arquiteto e filosofo tinha algo da Escola de Frankfurt, na crítica a tecnologia. Mas ela não vinha de um marxismo de formação, ao contrário, vinha de sua experiencia de vida, como sobrevivente da segunda guerra mundial.

Quis traze-lo a Porto ALegre, mas ele disse que não vem, há muitos anos não sai da França. O maior dos filosofos franceses prefere dizer o que tem a dizer ao mundo por seus livros, não se interessa em viajar. Não se interessa por grandes conferencias. O autor de Velocidade e Política, entre outros títulos, que teve o pensamento retratado em um documentário da tevê francesa, continua um homem que critica o presente para manter o valor das coisas do passado que realmente importam . Cartas.

O mundo de cartas auxilia mais nossa memória do que os recursos tecnologicos. Vou emoldura-la.

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