Estamos vivenciando os primeiros preparativos para mais um processo eleitoral. Nos bastidores dos partidos, alianças políticas começam a ser tecidas, campanhas políticas de vários candidatos começam a ser orçadas, previsoes de ocupação de espaços e candidatos ocupam o centro dos debates internos dos partidos. A população começa a discurtir possíveis candidatos mais pela iniciativa deste ou daquele sujeito, do que por alguma nova sondagem de opinião. Qual candidato que tem mais chances para presidente? Que significado podem ter as alianças a nível federal e estadual?
Mas é preciso ainda voltar a base da política e não buscar a resposta a um "como se pode vencer a eleição?" mas a questão "Que projeto temos para formular para a nação?". Antes de alinhavar candidatos, ver alianças, é disto que se trata. Haverá, com certeza , uma questão a enfrentar, já que é visivel no rosto da população certo desencanto. Primeiro por se repetirem, cada vez mais, os escândalos envolvendo partidos no governo, seja a esquerda ou a direita do espectro político. Depois, por que a população não vê nada de novo no "front", os candidatos parecem dizer a mesma coisa sempre, e já foram até por isso, chamados de "clones".
A eleição é distante para o cidadão, mas está próxima para os atores políticos. Está em discussão não apenas quem tem chances de ser eleito. Mais: novamente estaremos pondo em discussão a própria imagem da política. Se o cidadão sai satisfeito ou desencantado deste processo, é algo com o que os políticos deveriam se preocupar mais. Pois a cada eleição que passa, mais e mais os brasileiros se perguntam se a política tem algum sentido. Esta pergunta não pode ficar sem resposta.
Para os tempos que correm, Hannah Arendt tinha uma resposta pronta. Se a politica tem algum sentido, ela respondia que era a liberdade. Sua resposta advinha da experiência real que tinha da política, o desastre vivido frente a formas de governo totalitárias e a possibilidade de aniquilação da vida que o Estado é capaz de perpetuar. "Se a política traz um desastre e não se pode eliminá-la, então só resta o desespero".
Em "Será que a política ainda tem de algum modo um sentido?", capítulo de A Dignidade da Política (Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 1993), Arendt revela os ensinamentos de quem viveu mais do que ninguém as experiências políticas de seu tempo. "Passar ao largo delas é como se não se tivesse vivido no mundo que é nosso". Ela entendia que a falta de sentido da política é algo que pode-se observar todos os dias, lendo os jornais e frente a irritação que nos causam a má gestão dos problemas públicos. Arendt faleceu em 1975 de um segundo e fatal enfarte, mas suas considerações nunca foram tão atuais. Para muitos de nós e para Arendt, somente um milagre podia salvar a política. E o pior é que para ela era possível.
No âmbito religioso, milagre é um fenômeno sobrenatural ou sobre-humano que irrompe sobre a Terra. Sempre que acontece algo novo, inesperado, uma impossibilidade infinita, imprevisível, inexplicável, estamos diante de um milagre. Para autora que nasceu na mesma terra natal de Kant, somos paradoxalmente dotados para fazer milagres. "Em nossa linguagem comum e bem usual, chamamos esse dom de agir". É por isso que liberdade e política se relacionam tão bem, e são nessa síntese, um pequeno milagre, porque trata-se desse do poder de iniciar algo, de criar um novo inicio, a liberdade de querer que algo de seja de outra maneira.
As eleições que se aproximam exigem mais do que intenções dos candidatos. Arendt valoriza a liberdade que só o homem que procura a politica pode fazer. Enquanto o homem for apto a agir, estará apto a realizar o improvável e imprevisível. Para Arendt, a política pode fazer milagres. Resta saber se os políticos estão dispostos a isso.
A eleição é distante para o cidadão, mas está próxima para os atores políticos. Está em discussão não apenas quem tem chances de ser eleito. Mais: novamente estaremos pondo em discussão a própria imagem da política. Se o cidadão sai satisfeito ou desencantado deste processo, é algo com o que os políticos deveriam se preocupar mais. Pois a cada eleição que passa, mais e mais os brasileiros se perguntam se a política tem algum sentido. Esta pergunta não pode ficar sem resposta.
Para os tempos que correm, Hannah Arendt tinha uma resposta pronta. Se a politica tem algum sentido, ela respondia que era a liberdade. Sua resposta advinha da experiência real que tinha da política, o desastre vivido frente a formas de governo totalitárias e a possibilidade de aniquilação da vida que o Estado é capaz de perpetuar. "Se a política traz um desastre e não se pode eliminá-la, então só resta o desespero".
Em "Será que a política ainda tem de algum modo um sentido?", capítulo de A Dignidade da Política (Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 1993), Arendt revela os ensinamentos de quem viveu mais do que ninguém as experiências políticas de seu tempo. "Passar ao largo delas é como se não se tivesse vivido no mundo que é nosso". Ela entendia que a falta de sentido da política é algo que pode-se observar todos os dias, lendo os jornais e frente a irritação que nos causam a má gestão dos problemas públicos. Arendt faleceu em 1975 de um segundo e fatal enfarte, mas suas considerações nunca foram tão atuais. Para muitos de nós e para Arendt, somente um milagre podia salvar a política. E o pior é que para ela era possível.
No âmbito religioso, milagre é um fenômeno sobrenatural ou sobre-humano que irrompe sobre a Terra. Sempre que acontece algo novo, inesperado, uma impossibilidade infinita, imprevisível, inexplicável, estamos diante de um milagre. Para autora que nasceu na mesma terra natal de Kant, somos paradoxalmente dotados para fazer milagres. "Em nossa linguagem comum e bem usual, chamamos esse dom de agir". É por isso que liberdade e política se relacionam tão bem, e são nessa síntese, um pequeno milagre, porque trata-se desse do poder de iniciar algo, de criar um novo inicio, a liberdade de querer que algo de seja de outra maneira.
As eleições que se aproximam exigem mais do que intenções dos candidatos. Arendt valoriza a liberdade que só o homem que procura a politica pode fazer. Enquanto o homem for apto a agir, estará apto a realizar o improvável e imprevisível. Para Arendt, a política pode fazer milagres. Resta saber se os políticos estão dispostos a isso.
Penso também sempre nesta relação política e liberdade, política e democracia.
ResponderExcluirEste é o sentido cotidiano que dou ao meu fazer política.
Mas, infelizmente, o que rege a política atual são os interesses pessoas e de pequenos grupos de poder, que tramam o fazer pólítica às costas da maioria,o povo.
Por isto, continuo lutando e até por isso que me candidatei a disputar a presidencia do PT de Porto Alegre.
Sua candidatura ilumina o partido e dou votos de que obtenha o que almeja. Cuide da saúde, não se stresse e boa sorte!
ResponderExcluirJorge Barcellos
Fazendo um contraponto com o texto em que comentas sobre o livro do Zizek, creio que a política atualmente está muito influenciada pelo formato em que a mídia televisiva transmite informações e, neste sentido, também se confronta com o binônio fantasia/realidade. Não é a toa que chamam Brasília de ilha da fantasia. Manter ou não este binômio é nosso grande desafio, pois enquanto a classe dirigente do país vivencia a fantasia que propalam à população, esta mesma população vivencia a realidade cruel que surge como consequência do não-fazer fruto do fascínio pela fantasia.
ResponderExcluirRodrigo
Rodrigo
ResponderExcluirBoa observação, a idéia de fantasia na política, como conceito psicanálitico e politico,poderá ser outra forma de criticar a alienação política em nossa cultura.
Abraços
Jorge B.