Foi Bertold Brecht o primeiro a falar da idéia de analfabeto político. “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.“
Sabemos como é o analfabeto político desde então, mas nunca nos colocamos a questão de como o alfabetizamos. Como alfabetizar um analfabeto político? Ora, alfabetizamos politicamente o cidadão à maneira como o alfabetizamos de forma geral: identificando os campos de saber envolvidos, os procedimentos didáticos e conteúdos necessários, apontando os papéis desejáveis e formas da sua aquisição da linguagem política.
A alfabetização política é uma prática que visa potencializar o bom uso do exercício da cidadania, e deve estar presente nas escolas e nas instituições, especialmente as instituições políticas. Ela deve ser uma preocupação do ensino fundamental, do ensino médio e dos parlamentos.
A primeira etapa para a construção do alfabetismo político é reconhecer que a política é uma linguagem, e assim, ser alfabetizado politicamente é saber fazer uso da lingugem política. É um analfabeto político aquele que é incapaz de fazer uma leitura do universo político. Para isso, pequenos procedimentos podem ser adotados no espaço político:
1. Cada agente político (vereador, deputado) deve perceber seu Plenário como uma sala de aula. Nunca perder a oportunidade de explicar detalhes do processo legislativo quando as galerias estão ocupadas pela população;
2. Cada servidor público ( funcionário público) deve ser capaz de em contato com o público ser capaz de transmitir o conhecimento básico de sua função, do lugar que ocupa no sistema público e como isso repercute na prestação de serviços ao cidadão;
3. Cada parlamento deve dotar-se de prestação de serviços no campo educativo, em parceria com escolas, instituições, universidades, de forma a participar da rede de oferta cultural e educativa no seu municipio;
Atualmente a alfabetização política pode ser colocada como uma linha emergente de determinadas práticas das instituições políticas: aulas, visitas orientadas, plenárias do estudante, tudo comporta um conhecimento dos fazeres cotidianos de uma instituição política. Mais, poderíamos exemplificar com o fato de que, toda a vez que numa sessão plenária, um grupo social experimenta a discussão, a argumentação, o debate, ele está tendo uma experiência de alfabetização política. Isto porque o publico adquire conhecimento do dia a dia da vida política participando de suas sessões, daí a preocupação que uma Sessão Plenária seja sempre também auto-explicativa, capaz de explicar-se a si mesma para todas as platéias.
Atualmente a alfabetização política pode ser colocada como uma linha emergente de determinadas práticas das instituições políticas: aulas, visitas orientadas, plenárias do estudante, tudo comporta um conhecimento dos fazeres cotidianos de uma instituição política. Mais, poderíamos exemplificar com o fato de que, toda a vez que numa sessão plenária, um grupo social experimenta a discussão, a argumentação, o debate, ele está tendo uma experiência de alfabetização política. Isto porque o publico adquire conhecimento do dia a dia da vida política participando de suas sessões, daí a preocupação que uma Sessão Plenária seja sempre também auto-explicativa, capaz de explicar-se a si mesma para todas as platéias.
O fato de destacarmos a importância do envolvimento dos servidores é porque cada setor é de grande complexidade no campo do trabalho. Mais, é um agente educativo importante para a disseminação de informações. No campo didático, cada vez mais é valorizada a importância do envolvimento de equipes de trabalho, de forma dialógica, no processo educativo.
Finalmente, cada vez mais os parlamentos, engajando-se no campo pedagógico e educativo para a construção de ações educativas, colabora na disseminação dos valores e da reprodução da idéia de construção de um parlamento ativo, critico, participativo e democratico.
A idéia de que hajam momentos de alfabetização política nos parlamentos deriva da defesa de que a política explica o mundo social, da mesma forma que a ciência explica o mundo cientifico. Por exemplo, é provável que muitos cidadãos tenham uma idéia da política, mas não compreendam o valor da negociação política, da argumentação política. Talvez, simplesmente, não conheçam os argumentos opositores em si, daí a necessidade de esclarecer as bases da política.
Entender o modo de funciomento da política, a forma como constrói seus discursos e seus argumentos nos facilita para controlar e prever as transformações que ocorrem na política. Fica mais fácil propor idéias para uma melhor qualidade de vida quando a vemos como o longo processo de construção de políticas públicas. Aqueles que se dedicam à Educação Política em várias instituções tem estudos nesse campo.
Dentre as muitas ciências, a Ciência Política é aquela que mais tem a contribuir para a construção de uma alfabetização política. Assim como a ciência política define seu objeto, nos damos conta das possibilidades de sua interação com o campo da Pedagogia, sem falar com a Sociologia, por exemplo. Também devemos considerar a possibilidade de inserir a alfabetização política no campo dos conteúdos do ensino fundamental ou médio nas áreas das humanidades.
Os parlamentos são os atores principais deste processo. Espaço de saber, espaço de educação, são visitados constantemente por escolas e grupos organizados. A medida em que assimilam esta função à sua natureza, colaboram para o fim do analfabeto político identificado por Brecht. Esse caminho está em construção neste preciso momento.
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Parabéns pelo trabalho. Sou Editor do Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br), onde temos colunas sobre o tema e também responsável pelos blogs Escolhendo a Pílula Vermelha (www.escolhendoapilulavermelha.com.br) e Cinema de Primeira (www.cinemadeprimeira.com.br) convido-os a conhecer estes trabalhos para trocarmos idéias e trabalharmos juntos por uma educação e um país melhor! Até mais! Prof. João Luís
ResponderExcluirobrigado pelo convite. Vamos conhecer e com certeza trocar idéias.
ResponderExcluirAbraços
Jorge Barcellos
Caro Jorge Barcellos. Uma vez iniciando a ministrar no curso de pedagogia a disciplina Politicas Educacionais, encontramos contigo via internet. Pronto iremos adotar os seus ensaios. Muito grata e retomaremos o contato quando estivermos mais firmes na discussão.
ResponderExcluirAtt.
Cora Corinta Macedo de Oliveira
O analfabetismo político vai provocar uma tragédia inominável. Gostaria de encontrar caminhos para desdemonizar a política e fazer o povo enxergar. Sair da "caverna" de que fala Platão. Mas parece que estão gostando das trevas da escuridão e analfabetismo.
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