A realização pela Câmara Municipal de Porto Alegre do Seminário Internacional “As Eleitas, Os Eleitos: como parlamentares tornam-se parlamentares” é uma resposta àqueles que defendem o fim do legislativo junto à crítica do reajuste dos vencimentos dos parlamentares. Você pode concordar ou não com a idéia de reajuste, mas daí passar a acreditar na inutilidade da política e dos representantes locais é um perigo para a democracia. Todos os painelistas foram unânimes em valorizar a importância da boa política, da necessidade de formar novos bons políticos – vá-la, vá-la, sociedade e estado ainda não chegaram a um consenso quanto ao seu salário, ok, ok – mas não se pode por esta razão perder a fé nas instituições públicas da democracia.
Toda a programação do Seminário Internacional fez jus ao que se espera que um grande parlamento faça: debater exaustivamente e em alto nível sua função na sociedade, aproximar a pesquisa universitária dos agentes públicos, promover um diálogo entre agentes sociais e principalmente, reforçar na comunidade a ideia de que a democracia local precisa ser fortalecida pelo cidadão. Precisamos que os parlamentos locais lutem por uma sociedade melhor e os pesquisadores apontaram elementos para a sua defesa: o fato de que os vereadores, após a Constituição de 1988, tornaram-se um elo forte na constituição de políticas públicas nos municípios; o fato de que 93% dos quase 50 mil parlamentos estão localizados em pequenas cidades; o fato de que o militantismo, ou seja, a forma como as pessoas se engajam nas agremiações partidárias, é questão central para o fortalecimento da política local. O que não significa que não tenhamos problemas a resolver: o fato de que somente uma minoria (7%) das cidades tem parlamentos com visibilidade e acesso à imprensa; o fato de que 38% das mulheres sofrem resistência da família, sendo 22% dos cônjuges, para entrar na política, são alguns exemplos dos desafios que as Câmaras Municipais ainda tem de enfrentar.
Enquanto isso, parcela da sociedade ainda ignora o que fazem seus vereadores. Mais, desconhece o esforço daqueles que tem sua agenda dedicada a melhorar a cidade. Devemos separar o bom do mal político, é claro, mas devemos reconhecer o valor da boa política para o desenvolvimento da cidade. Às vésperas de mais um pleito eleitoral e no momento em que se tecem as articulações para as eleições de prefeitos e vereadores, sejam quem forem “Os Eleitos” ou “As Eleitas” a quem entregaremos nosso voto nas próximas eleições, o que está em jogo é o valor que damos a idéia de representação, a boa escolha eleitoral e às instituções da sociedade democrática.
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