O Seminário promovido pla Unimed Pensar, um ato político, trouxe a Porto Alegre o filósofo Luc Ferry. Toda vez que temos a oportunidade de estar diante de um pensador de nosso tempo, ficamos maravilhados. Não há sensação maior do que aquela que diz que você está convivendo um momomento único, não pelo conteúdo da palestra, que é envolvente, mas pelo fato de que você estar aí, diante de um pensador de sua época. Se eu tivesse vivido na antiguidade, gostaria de ter visto pelo menos uma vez Aristóteles; na idade média, Santo Agostinho e por aí afora.
Existe um sentimento de compartilhamento do mundo com algúem que está pensando sua natureza neste exato momento de forma brilhante. Não, você não está apenas lendo uma obra de Marx, já morto há tanto tempo e que não convive com o seu mundo. Você está diante de alguém que é capaz de refletir com profundidade sobre os mesmos temas que o afligem e que o faz de uma maneira que não pode ser imitada. Você está deslumbrado.
Pois por tudo isso valeu meus quinze minutos de Luc Ferry. É verdade. Você planeja ver o seminário inteiro, combina tudo o que pode, e quando vê, como no anjo de Walter Benjamim, você é arrastado pela tormenta que sopra do paraiso - na verdade não é o paraiso, é o seu emprego - pois você precisa trabalhar, diferente de Ferry, que é pago para pensar e viajar. Você, após muito sacrificio, consegue resolver tudo aquilo que pedem para você resolver e consegue finalmente ir para ver o seu palestrante, e só fica 15 minutos.
Fiquei somente 15 minutos porque a vida não é bem sucedida para todos, ao contrário do título de uma obra célebre de Ferry. Se fosse, uma série de obrigações que ultrapassam o âmbito do trabalho e que você precisa também resolver poderiam ser resolvidos por outro. Mas você sabe que outro compromisso o está esperando e você só terá tempo de enfrentar novamente o próximo engarramento para resolve-lo. Tudo é calculado. Tempos modernos. Aceito isso.
Mesmo o sacrificio de sair do emprego para ver apenas 15 minutos de Ferry vale apena. Porque ele é sábio. Porque seus exemplos são simples. A diferença entre moral e espiritualidade. Pronto, fui lá para apenas saber isso, enquanto que centenas de outros convidados puderam ver em detalhe o significado do mito de Ulissses, porque por uma série de razões, não vivem no emaranhado de obrigações . Como se liberta disse? Para mim 15 minutos já estava ótimo, reconhecer que existem campos espirituais que não tem nada a ver com religião, dimensões de valores que encontram seu melhor exemplo nos mitos antigos, como o exemplo do Pomo da Discórdia. Veja só, um pomo magnifico disputado por três deusas, um simbolo da capacidade de revelar a vaidade humcana, lembraça de que os mitos gregos ainda tem muito para nos ensinar, ou o papel futil de nossas vaidades frente as escolhas morais ou verdadeiras do ser. Pois uma filosofia boa é uma filosofia que também serve para a vida, ensina Ferry.
Não há problema em ver apenas 15 minutos. Ferry sempre estará por perto quando eu abrir e ler um livro seu.
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